Arquivo do Autor: Ciça Bueno

Gente de humanas que faz um monte de coisa que não dá dinheiro

Conversando sobre um amigo – digamos apenas que ele é da “área de humanas” – que se encontra em apuros financeiros, meu marido perguntou:
– Mas afinal, o que ele faz?
Minha resposta foi imediata, sem censura e sem rodeios:
– Ah, você sabe como é, faz um monte de coisa que não dá dinheiro.
E foi aí que me ocorreu.
Quase todos os meus amigos podem ser definidos exatamente assim: gente de humanas que faz um monte de coisa que não dá dinheiro.
Tenho pouquíssimos amigos que construíram uma sólida e tediosa carreira de sucesso em alguma respeitável multinacional. Meus amigos, quase todos, fazem, fizeram ou farão trampos de:
design gráfico, tradução, revisão, revisão ABNT, programação, decoração, consultoria de moda, webdesign, transcrição, preparação de originais, editoração, legendagem, publicidade, jornalismo, aula de inglês, de francês, aula em faculdade, em cursinho, mestrado, doutorado, com bolsa, sem bolsa, consultoria/assessoria/gerenciamento de redes sociais, assessoria de imprensa, produção de eventos, crítica de arte, de música, de cinema, cenografia, curadoria, agitação cultural, mapa astral.
Escritores, roteiristas, resenhistas, romancistas, colunistas, cronistas e poetas. Professores, palestrantes, repórteres, artistas e fotógrafos. Produtores, atores e diagramadores. Bailarinos, músicos e psicanalistas. Pós-graduandos em ciências sociais, antropologia e história. Estudantes de graduação em filosofia. Ou, para resumir com termos que nossos tiozões reaças entendem bem: “tudo puta, bicha e maconheiro”.
Um monte de coisas. Que não dão dinheiro. Nenhuma delas. Nem se juntar tudo.
E eu, que sempre me senti tão sem turma, tão sempre trabalhando quietinha e sozinha, em casa, tão avessa ao mundo real repleto de gente com uma CLT na mão e o firme propósito de ganhar dinheiro na cabeça. Eu, que sempre me senti oprimida por aquela propaganda no metrô que mostra um jovem sorridente “decolando na carreira” depois de concluir seu MBA em administração. Eu, finalmente, sorri e me dei conta:
Gente de humanas que faz um monte de coisa que não dá dinheiro – esse é o meu clube, essa é a minha vida.
Somos bichinhos estranhos, nós que somos gente de humanas e fazemos um monte de coisa que não dá dinheiro. Pulamos de frila em frila sempre achando que o de agora vai durar e que o contratante vai pagar em dia. Ignoramos solenemente o fato de que o frila de 2009 pagava exatamente o mesmo que o frila de 2013. Acima de tudo, baseamos toda a nossa vida na convicção de que o próximo frila será melhor, mais interessante e mais bem pago que o atual.
Escrevemos, traduzimos, cantamos e sapateamos. Nossos talentos são múltiplos. Nossa versatilidade é incomparável. Nossa paciência é infinita. Nosso único defeito: não somos uma categoria unida. Se unidos fôssemos, estaríamos nos anúncios do metrô agora mesmo: “venha ser gente de humanas e fazer um monte de coisa que não dá dinheiro você também!” Mas não. Em vez disso, estamos aqui, cada qual surtando com seu próprio prazo e seu próprio cliente inadimplente – ou, no meu caso, tentando escrever mais um texto acadêmico e, em vez disso, escrevendo besteira no blog.
Tenho uma teoria de que nós, gente de humanas que fazemos um monte de coisa que não dá dinheiro, só teremos nosso valor devidamente reconhecido pela sociedade o dia em que o governo quiser subsidiar a vinda de tradutores, fotógrafos, poetas e psicanalistas cubanos. Aí sim seremos importantes – aí sim seremos potência.
Até lá, continuaremos fazendo um monte de coisa – e fingindo para a nossa família e nossos amigos com carteira assinada que ganhamos algum dinheiro.
Reproduzimos aqui o texto publicado em 14/07/2013 na web por Camila Lorenzi porque achamos superpertinente aos que são da área. Bem-vindos ao fã clube!
Blog da Camila Lorenzi
http://recordarrepetirelaborar.wordpress.com/

Histórias Mitológicas dos signos

des-ariesÁRIES

de 21 de Março a 20 de Abril

Signo de Fogo, regido por Marte

 Jasão era filho do rei de Iolco e legítimo herdeiro do trono. Porém, seu pai foi destronado pelo irmão Pélias e condenado à morte. Jasão por sua vez, foi enviado ao Monte Pélion e educado pelo centauro Quíron. Já com 20 anos, Jasão retorna à Iolco com a notícia da morte de seu pai e se apresenta a Pélias, reclamando o seu trono. O rei concordou, desde que Jasão lhe trouxesse da Cólquida o Velocino de Ouro, que estava naquele reino, sob o poder de Eetes, seu soberano. Para resgatar o Velocino de Ouro, nosso herói logo descobre que era preciso atravessar o mar da Grécia de ponta a ponta, e pede a um arauto que convoque príncipes e heróis para auxiliá-lo no espetacular evento. Mais de 50 heróis se apresentaram para a famosa expedição e a nau recebeu o nome de Argos, dando origem à famosa expedição de Jasão e os Argonautas.

Após meses de construção, o navio Argos foi lançado ao mar em cerimônia solene e concorrida. A aventura duraria anos pois,ao longo do caminho, vários foram os episódios em que os argonautas se envolveram nas ilhas pelas quais passaram, episódios esses que via de regra, geravam lutas e batalhas por decisão do próprio Jasão que se considerava um herói imbatível. Ao chegar a Cólquida, Jasão se apresenta a Eetes, que não nega a possibilidade de lhe dar o velocino, desde que nosso herói cumprisse quatro tarefas em apenas 24 horas: conseguir pôr o jugo em dois touros bravios que lançavam chamas pelas narinas; atrelá-los a uma charrete e lavrar com eles uma vasta área; nela semear os dentes do dragão morto na Beócia e matar os gigantes que deles nasceriam;eliminar o dragão que montava guarda ao Velocino, no jardim do deus Ares.

Jasão já estava desistindo da empreitada quando foi surpreendido por Medeia, a filha do rei, que era versada nas artes da magia e que apaixonada pelo rapaz, prometeu-lhe vitória em todas as tarefas, desde que ele se casasse com ela e a levasse para a Grécia. Ele concordou e obteve de Medeia todos os recursos necessários para desempenhar bem as suas incumbências, saindo-se muito bem. Mas Eetes não cumpriu com sua palavra e o casal precisou fugir da ilha às pressas, levando o Velocino de Ouro, mas não sem antes matar o irmão de Medeia, xodó de seu pai. Muitas foram as aventuras vividas neste retorno dos argonautas, que acumularam peripécias e instigaram a fúria de muitos reinos pelo caminho. Deu tempo até de Jasão e Medeia terem dois filhos, até que conseguissem atingir seu objetivo. Ao retornarem a Iolco e entregarem o Velocino ao rei Pélias, foram expulsos da cidade e fugiram para o reino de Corinto. Lá chegando, Jasão caiu nas graças do rei, que em sua homenagem concedeu-lhe a mão de sua filha em casamento, ao que nosso herói consentiu, para fúria de Medeia. Para se vingar, Medeia planeja um incêndio no palácio no dia do casamento, matando a princesa e seu pai, além de matar também os dois filhos, fugindo para Atenas em um carro alado. Sozinho, Jasão morreu quando descansava sob a nau Argos, atingido por uma viga caída do próprio barco, que deveria tê-lo conduzido à uma vida heroica.

des-touro

TOURO

de 21 de Abril a 20 de Maio

Signo de Terra, regido por Vênus

Ao passar pela ilha de Tiro, próximo a Creta, Zeus, o deus dos deuses, bateu os olhos em Europa, filha do rei local, e se apaixonou imediatamente, tão inflamado ficou com a beleza da jovem princesa. E para que pudesse efetivar o namoro, Zeus se metamorfoseou num touro branco com cornos semelhantes ao crescente lunar. Dessa união nasceram Minos, Sarpedon e Radamanto. Após a morte de Europa, o touro em que Zeus se transformou tornou-se uma constelação e foi colocada no céu. Na disputa pelo trono de Creta, Minos saiu vencedor porque ofereceu em sacrifício a Poseidon um touro branco, caso o deus marinho fizesse com que o mesmo saísse do mar, como um sinal de que ele, Minos, era o legítimo herdeiro do reino de Creta. Poseidon atendeu-lhe o pedido, o que lhe valeu a posse do trono, mas na hora de sacrificar o touro, o rei Minos trocou a rês por outra menos robusta, o que provocou a ira do deus: Minos havia se transformado num déspota ganancioso. Enfurecido, o deus do mar fez com que a esposa de Minos, Pasifae, se apaixonasse pelo animal. Sem saber como entregar-se ao animal, Pasifae pediu a Dédalo, o grande artista e arquiteto do reino, que construí-se uma novilha de bronze tão perfeita, que pudesse enganar o animal. A rainha colocou-se dentro do simulacro e desta concepção nasceu o Minotauro, um monstro metade homem e metade touro. Dédalo havia sido acolhido por Minos quando deixou seu reino em Atenas e a pedido do rei construiu o famoso Labirinto, um palácio tão grande e com um emaranhado tal de quartos, salas e corredores, que só Dédalo era capaz de lá entrando, encontrar o caminho de volta.

Minos ficou enraivecido com o arquiteto por ter construído a novilha e prendeu o Minotauro no Labirinto, reduzindo a obra de Dédalo a uma jaula. Nesta ocasião, Minos guerreava com Atenas e para acabar com a guerra e desocupar o território ateniense, exigiu que o rei de Atenas lhe enviasse a cada nove anos, sete rapazes e sete moças que seriam lançados no Labirinto para servir de pasto ao Minotauro, que só sealimentava de carne humana. E foi Teseu, príncipe de Atenas, quem se prontificou a seguir para Creta com a primeira leva de jovens a ser sacrificada como tributo. Ao chegar à Creta, Teseu se apaixonou por Ariadne, a filha de Minos, que para ajudar o amado, cuja intenção era matar o Minotauro para que o tributo cessasse, entregou-lhe um carretel de linha que pudesse servir como fio condutor (o famoso fio de Ariadne) para que Teseu conseguisse sair do Labirinto, assim que acabasse com o monstro. Com a batalha vencida e morto o monstro, Minos foi acometido pela cólera e prendeu Dédalo e seu filho Ícaro no Labirinto, como forma de se vingar duplamente contra todas as refregas. No entanto, o arquiteto era o único que conhecia a saída do labirinto e facilmente achou o caminho de volta, não sem antes construir engenhosamente dois pares de asas, presas aos ombros com cera, conseguindo assim, fugir em companhia do filho. Este porém, este ao subir demasiadamente e se aproximar do Sol, teve a cera derretida, caindo no mar, que daí por diante passou a chamar-se Mar de Ícaro.

 

des-gemeos GÊMEOS

de 21 de Maio  a  20 de junho

Signo de Ar, regido por Mercúrio

Para narrar o mito dos gêmeos Castor e Pólux, novamente vamos contar a história de uma das paixões de Zeus, o deus dos deuses, com uma rainha. Desta vez, Zeus se encanta com Leda, mulher de Tíndaro, um dos reis da Hélade antiga e se transforma em cisne para poder se aproximar da rainha. Leda, que engravida do marido e do deus, dá à luz dois ovos contendo dois casais de gêmeos em cada um. O casal Castor e Clitemnestra, filhos de Tíndaro e, portanto humanos e mortais, e o casal Pólux e Helena, filhos de Zeus e portanto divinos e imortais. Castor e Pólux se tornaram grandes amigos e companheiros. Uma ocasião, ao travarem lutas com outro par de irmãos gêmeos, Castor foi ferido mortalmente, sendo levado ao Hades, o reino dos mortos, onde ninguém podia ter acesso por ordem do rei Hades, ou Plutão.

Desolado por ter perdido o irmão e companheiro de estrada, Pólux vai ao seu pai Zeus e pede que ele lhes permita de alguma maneira continuar sua convivência, ao que o pai dos deuses e dos homens consente, permitindo que os gêmeos passassem um dia juntos no Hades e outro no Olimpo. E assim foi que os gêmeos Castor e Pólux viveram para sempre alternando suas vivências entre o consciente e o inconsciente, ou o mundo dos deuses e o mundo dos mortos.

 

des-cancerCÂNCER

de 21 de Junho a 21 de Julho

Signo de Ar, regido por Lua

Nosso herói de Câncer é Aquiles, filho de Tétis, uma das deusas do mar. Casada com um mortal, Tétis não podia ter filhos divinos porque a regra para tal era muito clara: filho de deus com mulher mortal era divino e imortal, mas filho de deusa com homem mortal era humano e mortal. Por isso mesmo, Tétis que sempre sonhara em ter seus filhos morando no Olimpo, sacrificara os cinco primeiros, levando-os ao fogo, como forma de transformá-los em deuses. Masvia de regra, o pai das crianças sempre conseguia salvar-lhes impedindo que se transformassem em deuses e abandonassem o lar. Porém, na vez de Aquiles, o caçula, Tétisengendrou a queima do filho sem a presença do marido, mas o pai da criança conseguiu salvá-lo na última hora, segurando-o pelo calcanhar e tirando-o do fogo. Ao consultar um oráculo, Tétis ficou sabendo que Aquiles tinha dois destinos: ou viveria feliz ao lado da mãe pelo resto de sua vida ou iria para guerra e se tornaria um herói, vindo a morrer por uma grande causa. Aquiles foi criado junto à mãe que se apegou demais ao menino, vestindo-o de menina e depois de mulher para que nunca fosse reconhecido pelos soldados do reino e levado à Guerra de Tróia, para lutar contra os troianos e a favor dos aqueus, povo ao qual pertencia.

Durante toda a sua infância e adolescência, Aquiles foi muito mimado e protegido pela mãe, mas tinha permissão de brincar com seu fiel amigo e companheiro, Heitor, que às tantas, foi enviado para lutar na guerra, mas acabou sendo morto, o que provocara a ira de Aquiles. Este por sua vez, que até então nunca se interessara pela arte da guerra, decidiu vingar o amigo e durante meses se preparou para ir ao campo de batalha, treinando incansavelmente, apesar dos pedidos de sua mãe de que não o fizesse. E Aquiles foi à luta, vindo a tornar-se o maior herói da Guerra de Tróia, vingando não só o amigo mas toda a sua cidade e estirpe. Aquiles lutou bravamente e estava para ser homenageado como o grande herói de Tróia, quando foi atingido por uma flecha exatamente no local onde seu pai o havia capturado do fogo quando bebê. E foi por ali, ou seja pelo calcanhar, sua única região vulnerável, que Aquiles veio a morrer como rezava a lenda, pois o fogo o havia transformado num ser divino sim, menos naquela parte do corpo, o calcanhar de Aquiles.

 

des-leaoLEÃO

de 22 de Julho a 22 de Agosto

Signo de Fogo, regido pelo Sol

Parsifal vivia desde pequeno numa floresta ao lado de sua mãe, que decidira protegê-lo das agruras da guerra. Parsifal não havia conhecido seu pai e justo por isso, ficou fascinado quando já adolescente, viu passar um grupo de cavaleiros que buscava o castelo do Santo Graal. Parsifal decide integrar o grupo para desgosto de sua mãe, e parte na missão de buscar o Cálice do Santo Graal que estaria no castelo de mesmo nome. Passados alguns anos, Parsifal fazia a cesta sob uma frondosa árvore à beira de um rio, quando avista um castelo. E pergunta a um pescador que ocupava um pequeno barco próximo à margem do rio, que castelo era aquele. – É o castelo do Santo Graal, responde o pescador. Parsifal pede ao pescador que o ajude a atravessar o rio e ao chegar à outra margem do rio, sobe apressado o caminho que conduzia ao castelo. Lá chegando, bate à porta e uma moça o atende. – Bom dia. Eu vim buscar o Cálice do Santo Graal! – declara Parsifal ansioso. – E você sabe para o que serve o cálice? Rebate a moça. – Não, responde Parsifal, que neste mesmo instante cai num sono profundo e quando acorda, está de volta à floresta, sem saber se o que tinha se passado era sonho ou realidade.

Mas Parsifal não desiste e continua sua busca pelo Castelo e pelo Cálice do Santo Graal, pois sabia que quem os encontrasse, ganharia uma grande recompensa do rei local. Mas seriam precisos mais alguns longos anos de lutas, desafios e aventuras pelos campos e florestas em defesa da justiça, dos mais fracos e das donzelas, até que Parsifal pudesse ser consagrado um verdadeiro cavaleiro. Um dia, Parsifal se depara com a mesma cena: a mesma árvore, o mesmo rio, o mesmo pescador e o mesmo castelo. Novamente, Parsifal pede ao pescador que o atravesse e sobe a ladeira do castelo, mas não mais com a mesma pressa. Lá chegando, a mesma moça o recebe e pergunta: – E agora, você já sabe para o que serve o cálice do Santo Graal? – Sei sim, responde Parsifal. É o Cálice que contém a vida. – Pois então, vamos entrar que o rei está lhe esperando.

Ao chegar à sala do trono, Parsifal encontra um rei velho e acamado, não mais sentado ao seu trono, quase agonizante. O rei se dirige à Parsifal e diz: – Meu filho, eu o estava esperando para que ocupasse o meu trono e eu pudesse partir e descansar. Uma forte doença me acometeu há anos, mas eu tinha que esperar que você chegasse e pudesse assumir o trono que é seu por direito, uma vez que você é o filho do meu filho. O príncipe morreu numa guerra há muitas décadas atrás, mas eu sabia de sua existência e também de sua mãe, e esperava ansiosamente que você se sagrasse um cavaleiro, compreender o que significa ser um homem, um rei, um pai de si mesmo e de seus súditos, dono do seu próprio nariz e de seu próprio reino. E tome o Cálice do Santo Graal, uma taça de jaspe imaculada, que um dia já conteve o sangue de Jesus, símbolo eterno de sabedoria, paz , amor e abundância. Parsifal foi aclamado rei do Santo Graal e seu velho avô pôde partir em paz.

 

des-virgemVIRGEM

de 23 de Agosto a 22 de Setembro

Signo de Terra, regido por Mercúrio

Nossa heroína de Virgem é na verdade uma deusa do panteão grego, Deméter, a deusa da natureza, da terra cultivada e cultivável. Filha de Cronos e Réa e irmã de Zeus, Deméter é a grande deusa e grande mãe da Hélade antiga, deusa ao mesmo tempo religiosa e mítica, que ensinou aos homens a arte de semear, colher, cultivar o trigo e fazer o pão de cada dia. Deméter está sempre ligada à sua única filha, Core ou Perséfone, cujo pai não se sabe ao certo quem tenha sido e que não faz qualquer diferença na vida dessa dupla, denominada também de “As Deusas”.

Narra o mito que Perséfone ainda menina-moça, brincava tranquila e feliz entre as Ninfas, quando um dia seu tio Hades (ou Plutão), o deus dos infernos, a raptou, com o auxílio de Zeus. A menina colhia flores junto às bordas de um abismo e para atraí-la, Zeus colocou um narciso em seu caminho. Ao debruçar-se para apanhá-lo, a terra se abriu e Hades apareceu, conduzindo-a ao mundo ctônio. Deméter ficou exasperada e procurou a filha por 9 dias e 9 noites com um archote aceso numa das mãos, mas nem sinal da menina. Parece que na hora em que Perséfone fora arrastada para o abismo, dera um grito agudo e Deméter correu, mas não conseguiu vê-la.

Hécate, a deusa-Lua, também acusou ter ouvido o grito, mas não lhe foi possível reconhecer o raptor, que portava um capacete e cuja cabeça se confundia com as sombras do abismo. Somente Hélio, o deus-sol, que tudo vê, confirmou a Deméter a autoria do rapto. Irritada com os irmãos Zeus e Hades, Deméter não mais retornou ao Olimpo, abdicando de suas funções como deusa da natureza, até que lhe devolvessem a filha. Como a ordemdo mundo estivesse em perigo, Zeus pediu a Hades que devolvesse a menina à mãe. O rei dos Infernos curvou-se à vontade do soberano irmão, mas obrigou Perséfone, que a estas alturas já tinha se tornado sua mulher, que engolisse uma semente de romã, o que a impedia para sempre de deixar a “outra vida”. E finalmente, mãe e esposo chegaram ao consenso de dividir Perséfone ao longo do ano; ela passaria quatro meses do ano com o marido e oito com a mãe. Junto da filha novamente, Deméter retornou às suas funções no Olimpo e a terra cobriu-se de verde.

 

des-libra LIBRA

de 23 de Setembro a 22 de Outubro

Signo de Ar, regido por Vênus

Páris era filho do rei de Troia e se destacava por sua educação, refinamento e bons modos. Certa feita foi chamado por Zeus para arbitrar um concurso em que participavam as três mais importantes deusas do Olimpo: Hera, Afrodite e Atená.

Páris deveria escolher qual delas era a mais bonita e quem fosse eleita, ganharia não apenas o título da mais bela deusa do Olimpo, como também um pomo de ouro.

Como era um homem muito refinado e delicado, Páris sugeriu que o pomo fosse dividido em três partes, uma vez que as três deusas eram muito belas, tentando esquivar-se de escolher uma, pois nosso herói sabia que as duas que não ganhassem, se voltariam contra ele. Mas não houve jeito, Zeus continuou insistindo que só uma poderia ser escolhida. As deusas, por sua vez, uma a uma tentaram seduzir Páris, oferecendo-lhe dotes e presentes. Hera, a mais poderosa por ser esposa de Zeus, ofereceu-lhe terras e reinos na Ásia Menor. Mas Páris que não era ambicioso nem ganancioso, não se curvou diante da oferta. Atená, filha de Zeus, que era deusa da guerra, ofereceu-lhe vitória em todas as disputas nas quais se envolvesse. Mas Páris era um homem pacífico, que nunca se envolvia em discórdias e, portanto, esta oferenda também não o cativou. Afrodite que era a deusa do amor, ofereceu-lhe o amor da mais bela mulher do mundo, que era Helena, filha de Tíndaro e Leda, reis de Esparta. Páris que era um homem romântico, se encantou com a oferta, mas argumentou que Helena era casada com Menelau, irmão de Agamenon, rei de Micenas. No entanto, Afrodite imediatamente contestou dizendo que como deusa do amor, ela conseguiria fazer com que Helena se apaixonasse por ele e abandonasse Menelau. Páris então concordou e elegeu Afrodite, a mais bela deusa do Olimpo. As outras duas no entanto, não se dando por vencidas, decidiram fazer intriga e tramaram a Guerra de Troia, que começou com o rapto de Helena por Páris, príncipe de Troia, contra Micenas, o reino de Agamenon, irmão de Menelau. A guerra de Troia durou dez anos e foi um dos mais sangrentos episódios da Hélade antiga. E tudo pelo capricho de Afrodite ou Vênus, seu nome romano e de Páris, o mais libriano dos heróis, que casou com Helena por amor, mas também por capricho.

 

des-escorpioESCORPIÃO

de 23 de Outubro a 21 de Novembro

Signo de Água, regido por Plutão e Marte

Acrísio, rei de Argos, tinha uma única filha e encerrou-a numa câmara de bronze subterrânea em companhia de uma ama, temendo um oráculo que dizia que a filha Dânae teria um filho que o mataria. No entanto, Zeus, o fecundador por excelência, conseguiu penetrar na câmara por uma fresta e sob a forma de chuva de ouro fecundou Dânae que se tornou mãe de Perseu, herói do nosso mito de Escorpião. Por algum tempo, o menino pôde crescer escondido, mas tão logo seu avô descobre sua existência, executa a ama por infidelidade, e encerra novamente a filha e o neto num cofre de madeira, lançando-o ao mar. O cofre foi parar na ilha de Sérifo e capturado pelo pescador Díctis, irmão do rei Polidectes, que se apaixona por Dânae. Dânae passou a viver sob a proteção de Díctis e Perseu em poucos anos se transforma num belo e forte rapaz, que protegia sua bela mãe das garras do terrível rei.

Certa feita, Polidectes ofereceu um jantar e convidou Perseu. Todos os presentes ofertaram ao rei um cavalo, mas Perseu foi diferente e ofertou ao soberano a cabeça da Medusa, a monstruosa Górgona que petrificava quem a encarasse. Vendo ali a oportunidade de ter Perseu longe de sua mãe, o soberano pediu que Perseu fosse caçá-la. Como todo herói, Perseu vai contar com o auxílio divino para realizar suas iniciações e serão Hermes e Atená, os deuses da inteligência e da sabedoria, quem lhes fornecerão os meios para desempenhar sua missão. Conforme indicações destes deuses, Perseu deveria primeiramente procurar as Greias, três monstros que já tinham nascido velhas, únicas conhecedoras do caminho que o levaria às górgonas, não sem antes visitar determinadas ninfas, que lhe emprestariam os instrumentos indispensáveis ao cumprimento de seu intento. Mas não era fácil chegar até as Greias, que habitavam o extremo ocidente do país da noite onde jamais chegava um raio de sol. As Greias possuíam um só olho e um só dente cada uma e se alternavam na guarda de seu esconderijo. Ajudado por Hermes e Atená, Perseu chega ao habitat das Greias e colocando-se atrás da velha que montava guarda, arranca-lhe o único olho num gesto rápido, prometendo-lhe devolvê-lo se indicasse o paradeiro das misteriosas ninfas. Sem resistência, a Greia lhe fornece a informação e, sem qualquer dificuldade, as ninfas lhe entregam os instrumentos para matar a Górgona: sandálias aladas, um alforje e o capacete do Hades, que o tornava invisível. Hermes ainda lhe presenteia com uma espada afiada e Atená lhe empresta seu escudo de bronze, polido como um espelho. Com um verdadeiro arsenal de batalha, Perseu se dirige ao esconderijo das Górgonas, que se encontravamem sono profundo. Medusa era mesmo a mais temida, com cabeça aureolada por serpentes venenosas, presas de javali, mãos de bronze e asas de ouro, além de possuir o olhar que petrificava qualquer um.

Perseu pairou sobre a cabeça das górgonas com suas sandálias aladas, refletiu o rosto da Medusa com o escudo de Atená para não ter que encará-la e com a espada de Hermes decapitou o monstro. Do pescoço ensanguentado da górgona, nasceu o cavalo Pégaso e o gigante Crisaor, filhos de Posêidon, o único deus que se aproximou da Medusa para com ela manter enlace amoroso.  Perseu guardou a cabeça da Medusa no alforje e partiu, safando-se das outras duas górgonas com o capacete que o tornava invisível. Partindo do Ocidente para o Oriente, nosso herói passa pelo reino da Etiópia e ali se apaixona pela princesa Andrômeda, tendo que novamente superar vários obstáculos para com sua amada se casar, o que não vem ao caso no momento. Acompanhado de sua esposa, retorna à ilha de Sérifo, onde Polidectes acabara de tentar violentar sua mãe, sendo preciso que ela e Díctis se refugiassem no altar dos deuses, local inviolável. Perseu, ao saber de tudo isso e de que o rei se encontrava no palácio em companhia de amigos, penetrou salão adentro e transformou Polidectes e sua corte em estátuas de pedra. Tomando o poder, entregou o trono a Díctis e devolveu as sandálias aladas, o alforje e o capacete para que fossem entregues às ninfas, suas legítimas guardiãs. A cabeça da Medusa foi espetada por Atená no centro de seu escudo de bronze e Perseu retorna a Argos com a mãe e a esposa a fim de conhecer seu avô Acrísio.

Ao saber da chegada do neto e temendo o oráculo, o avô foge para Larissa. Tempos depois, nos jogos de Larissa, Perseu vai participar dos agônes e num lance infeliz, o disco com endereço certo, fornecido anos antes pelo oráculo, vitimou Acrísio. Cheio de dor pela morte do avô, Perseu não conseguia assumir o trono de Argos e propôs ao primo Megapentes, rei de Tirinto, que trocasse de reino com ele. E foi assim que Perseu reinou para sempre em Tirinto em companhia da mãe e de Andrômeda.

 

 des-sagitSAGITÁRIO

de 22 de novembro  a 21 de dezembro

Signo de Fogo, regido por Júpiter

Píndaro, um autor grego, em sua obra Olímpicas, distingue três tipos de seres: os deuses, os heróis e os homens. Apesar de estarmos sempre narrando o mito de um herói, que se define por “aquele que nasceu para servir”, em Sagitário trataremos do grandioso Júpiter, ou Zeus na mitologia grega, pai dos deuses e dos homens. Conta o mito que grávida de Cronos (Saturno), sua mãe Reia refugiou-se na Ilha de Creta, no monte Ida, e lá, secretamente, deu à luz o caçula, que foi escondido pela avó Geia. Logo depois, envolveu uma pedra em panos de linho e ofereceu-a ao marido; este, que sempre engolia os filhos por medo de ser destronado por eles, a engoliu de imediato, pensando que fosse o filho. No antro do monte Egéon, Zeus foi entregue aos cuidados dos Curetes e das Ninfas e sua ama de leite foi “a cabra” Amalteia.

Assim que tornou-se adulto, Zeus iniciou uma grande luta contra seu pai. Aconselhado por Métis, a Prudência, ofereceu de presente ao pai uma droga maravilhosa, graças à qual Cronos foi obrigado a vomitar os filhos que havia engolido. Apoiando-se nos irmãos e irmãs – Hades, Posêidon, Deméter, Hera e Héstia –, devolvidos à luz, Zeus, para se apossar do governo do mundo, iniciou um duro combate contra o pai e seus tios, os Titãs. A luta de Zeus e seus irmãos contra os Titãs, comandados por Crono, durou dez anos, mas os deuses olímpicos venceram e os Titãs foram expulsos do Céu e lançados no Tártaro. Para obter tão fantástica vitória, Zeus libertou do Tártaro os Ciclopes e os Hecatonquiros, a primeira geração de filhos de Geia, que lá haviam sido lançados por Cronos. Agradecidos, os Ciclopes deram a Zeus o raio e o trovão; a Hadesofereceram um capacete mágico, que tornava invisível a quem o usasse e a Poseidon presentearam com o tridente, capaz de abalar a terra e o mar.

Terminada a luta, os domínios do Universo foram divididos entre os três grandes deuses através de sorteio, cabendo a Zeus o Céu, a Posêidon o mar e ao Hades/Plutão, o mundo subterrâneo ou Hades, ficando, porém, Zeus com a supremacia no Universo. No entanto, Geia ficou profundamente contrariada pelos Olímpicos terem lançado seus filhos Titãs no Tártaro, e instigou a cólera dos terríveis Gigantes, nascidos do sangue de Urano, contra os vencedores. Vencidos também os tais Gigantes, Zeus ainda teve que enfrentar uma derradeira prova, a mais terrível de todas: Tifão, um monstro alado, com o corpo coberto de víboras, que soltava fogo pelos olhos e que Geia, num derradeiro esforço gerou, unindo-se ao Tártaro. Mas Zeus acabou vencendo também a Tifão. Todas essas lutas contra forças primordiais desmedidas, cegas e violentas, simbolizam uma espécie de reorganização do Universo, cabendo a Zeus o papel de um “recriador” do mundo. E apesar de jamais ter sido um deus criador, mas sim conquistador, o grande deus do Olimpo torna-se com suas vitórias, o chefe incontestável dos deuses e dos homens, senhor absoluto do Universo. E era realmente assim que os Gregos o compreendiam: um grande deus de quem dependiam o céu, a terra, a polis, a família e até a mântica. Acerca dos casamentos e das ligações amorosas de Zeus, trata-se de esclarecer que, antes de mais nada, o pai dos deuses e dos homens é de um deus da “fertilidade”,  pois é chuvoso, e fecunda deusas e mulheres para manter a fecundidade da terra. São uniões que refletem claramente hierogamias de um deus, mas que também atendem a dois outros objetivos: obedecer a um critério religioso e cumprir um sentido político pois, unindo-se a certas deusas locais pré-helênicas, Zeus consuma a unificação e o sincretismo que hão de fazer da religião grega um caleidoscópio de crenças, cujo maior guardião é ele mesmo, o próprio Zeus.

 

des-capricCAPRICÓRNIO

de 22 de Dezembro a 20 de Janeiro

Signo de Terra, regido por Saturno

 Capricórnio possui símbolos mitológicos não muito claros e nem conhecidos. Uma das figuras a ele associadas é Aegipan, filho de Zeus com uma ninfa, que ajudou Hermes a recuperar os tendões de Zeus, depois de sua luta contra o monstro Tifão, em que os mesmos foram prejudicados. Ao escapar do monstro, Aegipan transforma-se ele mesmo, em peixe-cabra. Em gratidão pelo auxílio recebido, Zeus o metamorfoseia na constelação de capricórnio. Outra associação mitológica do signo vem da cabra Amalteia, que amamentou Zeus quando recém-nascido, ou ainda à ninfa Amalteia, a quem Zeus teria dado o chifre de uma cabra qualquer, prometendo-lhe que com o mesmo obteria tudo o que quisesse. Essa é a famosa origem do chifre da fartura, pela qual o signo é reconhecido. Mas gostaríamos também de salientar a figura do deus Crono, nome grego ao planeta regente do signo, Saturno. Narra o mito que no início de tudo havia o Caos e que dele surgiram três entidades primordiais: Geia, a Terra, Eros, o amor e Tártaro, a morte. Geia gerou Urano, o céu, e com ele teve várias gerações de filhos, os Hecatonquiros, seguidos dos Ciclopes, dos Gigantes e depois dos Titãs, dos quais Crono é o caçula.

Assim que nasciam os filhos, Urano fazia Geia engoli-los novamente lançando-os no Tártaro. Cansada de tanto procriar em vão, sem poder conviver com seus filhos, Geia pede a estes que a ajudem a se livrar do esposo, e Crono se candidata a empreitada, castrando-o com a foice doada pela própria mãe. Depois de se apossar do governo do mundo, Crono torna-se um déspota tanto quanto seu pai e para não ser destronado, passa a engolir seus filhos com medo de que façam com ele o mesmo que fizera a seu pai. Crono é identificado com o tempo personificado, já que tempo em grego é Khronos: por isso Crono é aquele engole ou devora, ao mesmo tempo que gera; e, mutilando seu pai, interrompe a fonte da vida, mas torna-se ele mesmo uma fonte, passando a fecundar Reia, sua irmã titãnida e esposa.

Como um titã, que em grego significa rei, ou soberano, este deus simboliza as forças brutas da natureza e, por conseguinte, os desejos terrestres e mundanos em atitude de revolta contra os céus ou o espírito, representado por Zeus. Juntamente com os Hecatonquiros e os Cíclopes, representam as manifestações elementares ou as forças selvagens que traduzem a primeira etapa evolutiva do homem. Ambiciosos, revoltados e indomáveis, sua meta é a dominação, o controle e o despotismo. Mas seu fim de vida foi tranquilo, pois assim que Zeus sentiu consolidado o seu poder e domínio sobre o Universo, libertou seu pai da prisão subterrânea e o proclamou rei da Ilha dos Bem-aventurados, nos confins do Ocidente. Ali reinou Crono para todo o sempre sobre muitos heróis que, graças a Zeus, não conheceram a morte. Este destino privilegiado só é possível aos heróis e aos deuses que não morrem, mas passam a viver paradisiacamente em algum canto do Universo. No caso de Crono, trata-se de uma espécie de recuperação, a Idade do Ouro, o fim da vida, o inverno da vida, a velhice, representada também por ele próprio.

 

 des-aquarioAQUÁRIO

de 21 de Novembro a 19 de Fevereiro

Signo de Ar, regido por Urano e Saturno

Nosso herói de Aquário é Prometeu, filho do titã Jápeto, que nem por isso, pode ser considerado um titã, mas sim alguém com caráter muito diferenciado entre os personagens do Olimpo Grego, o mundo dos deuses. Prometeu sempre se destacou por sua inteligência, independência, autonomia, ardilosidade e coragem em enfrentar Zeus, o pai dos deuses e dos homens, quando necessário. Na verdade, Prometeu era um ser ambíguo, que descendia dos titãs, mas não era um deles, vivia no mundo dos homens mas não era humano e tinha acesso ao Olimpo, sem ser divino. Prometeu era alguém à frente de seu tempo que conseguia vislumbrar as tendências do porvir e que não titubeava em defender suas idéias sempre que preciso. Por exemplo, na luta entre Zeus e os titãs pelo governo do Universo, Prometeu ficou ao lado de Zeus contra aqueles por perceber que o pai dos deuses e dos homens significava uma evolução, simbolizava um re-criador do mundo, um re-ordenador do Universo, um representante do espírito harmonizante lutando contra as forças primordiais, brutas e violentas da natureza, representadas pelos titãs. Tempos depois, contrariando Zeus e com a ajuda de Atená, Prometeu rouba o fogo do conhecimento e o entrega aos homens, instigando assim a ira de Zeus, que em represália, acorrenta-lhe no alto de uma montanha no Cáucaso, onde uma águia vinha todos os dias comer-lhe o fígado, que durante a noite crescia novamente para que a ave pudesse sempre retornar. O destino de Prometeu só foi alterado quando Hércules intercede por ele e por Quiron, pedindo a Zeus que permitisse a troca da imortalidade de Quiron pela mortalidade de Prometeu. É que Zeus havia decretado que Prometeu só poderia ser libertado se algum imortal concordasse em ir ao Tártaro, o local mais profundo das entranhas da terra – ou o nível mais inferior dos infernos -, renunciando à sua imortalidade. E Quiron, o deus-curador ferido, havia sido atingido desastradamente na coxa por uma flecha envenenada com que Hércules matara a Hidra de Lerna, ferida esta que se mantinha aberta, fazendo Quiron arder de dor sem conseguir curar a própria ferida. A troca se dá e Quiron toma o lugar de Prometeu, vindo finalmente a morrer, enquanto este último torna-se imortal. E esse incrível herói que se torna um deus, é o mais legítimo representante do arquétipo de Aquário, por possuir um espírito rebelde, esperto e indisciplinado, sempre pronto a criticar os adversários e a enfrentá-los com sua ardilosidade, visando o progresso e a evolução dos humanos.

 

des-peixesPEIXES

de 20 de fevereiro a  20 de março

Signo de Água, regido por Júpiter e Netuno

 Dioniso ou Baco, o deus do vinho, é o nosso herói de Peixes. Nascido do amor entre Zeus e Perséfone, outra deusa do panteão grego, Dioniso era o filho preferido de seu pai e candidato a sucedê-lo no governo do mundo, não fosse o destino decidir diferentemente. Enciumada com os amores ilícitos do marido, Hera, a esposa de Zeus, descobriu o paradeiro do jovem deus e pediu aos Titãs que o raptassem e matassem. Esses por sua vez, ao capturarem a criança, cortaram-no em pedacinhos e o cozinharam num caldeirão, devorando-o em seguida. Ao saber do infanticídio, Zeus fulminou os Titãs com seus raios e de suas cinzas nasceram os homens, compostos do bem e do mal. Dioniso propriamente não havia morrido, pois como deus que era, também era imortal e seu coração, que ainda palpitava, foi salvo por Atená, a deusa da inteligência e da sabedoria, filha de Zeus e irmã de Dioniso. Atená entregou o coração a Sêmele, que também era amante de Zeus, e esta o engoliu imediatamente, tornando-se grávida do segundo Dioniso. Sêmele, que era princesa de Tebas, também caiu na desgraça de Hera, que disfarçada de sábia anciã, aconselhou a princesa a pedir ao seu amado que se apresentasse em todo o esplendor de sua majestade divina, provando assim o seu amor por ela.

Sêmele fez o pedido ao amante, não sem antes fazê-lo jurar que faria qualquer coisa que estivesse ao seu alcance para provar-lhe o seu amor. O deus a advertiu que isso significaria a sua morte, mas não pôde lhe negar o pedido e apresentou-se com seus raios e trovões, incendiando assim o palácio da amada, que morreu carbonizada. O feto, o futuro Dioniso, foi salvo pelo pai, que rapidamente recolheu o fruto amoroso do ventre de sua amada e o implantou em sua coxa para que completasse a gestação. Tão logo nasceu, o filho de Zeus e Sêmele foi entregue aos cuidados da irmã de sua mãe, Ino e seu esposo Átamas, reis da Queroneia, que logo em seguida foram enlouquecidos por Hera, como vingança por acolherem o menino. Desta vez, Zeus agiu rápido e transformando o rebento em bode, pedindo a Hermes (Mercúrio), o mensageiro, que o conduzisse ao monte Nisa, onde foi entregue aos cuidados das Ninfas e dos Sátiros, que lá habitavam numa gruta profunda. Em tal gruta, cercada de frondosa vegetação em cujas paredes cresciam viçosas videiras, vivia feliz o jovem deus. Certa vez, colheu alguns frutos dos cachos que pendiam, espremeu as frutinhas e bebeu o seu suco em companhia de sua corte. Todos ficaram conhecendo o novo néctar que acabava de nascer, o vinho. Bebendo-o repetidas vezes, Dioniso, os Sátiros e as Ninfas começaram a dançar intensamente ao som de címbalos, tendo o jovem deus como centro da roda. Embriagados pelo delírio, todos caíram por terra, desfalecidos. Esse desfalecimento se devia não só à nova beberagem, mas também ao fato de que os “devotos do vinho” e do deus, se embriagassem de êxtase e entusiasmo.  É que Dioniso ou Baco, deus da vegetação, do vinho e dos campônios, assim como da metamorfose, era um deus religioso, que, afastado da cidade, acusava a sisudez da vida política e social que reinava na pólis, onde se vivia a partir de regras, de leis, de consciência e razão. Dioniso era um deus da natureza, que pregava a vida no campo, entregue à pureza dos sentidos e à liberdade de ser quem se é, podendo transformar-se numa criatura divina através da arte da dança, que conjugada ao vinho, proporcionava o êxtase e o entusiasmo, que aproximava os homens da divindade. Vale dizer que o imortal Dioniso é considerado mais humano que o próprio homem.

 

Livros

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