Arquivo mensais:fevereiro 2015

Conhece-te a ti mesmo

 oraculo de delfos

Segundo a mitologia grega, berço de nossa cultura, fazer uma consulta oracular era se dirigir ao Oráculo de Delfos (foto acima), um refúgio onde reinavam a harmonia e o equilíbrio, em busca de mensagens que respondessem às duvidas do consulente. Na porta do templo, encontrava-se e encontra-se ainda a frase, ou a máxima, “Conhece-te a ti mesmo”, famosa até hoje porque nos incita ao autoconhecimento, prática tão importante antigamente quanto nos dias de hoje.

Naquela época, algo como 1000 a.C. a 2000 a.C., a consulta ao oráculo era respondida pela Pítia ou Pitonisa, uma sacerdotisa que descia às regiões subterrâneas, o umbigo ou centro da Terra e, que possuída pelo êxtase e entusiasmo, retornava de lá com a resposta.

Na verdade, a Pitonisa se recolhia a uma sala no interior do templo e lá, no inacessível, no sacrossanto, no domínio do sagrado, era possuída por Apolo, o deus mântico. Traduzindo: a Pitonisa descia ao centro da Terra (o inconsciente) e, tomada de êxtase e entusiasmo (a intuição), auscultava a vontade do Deus Apolo (o self), o Deus da luz e da consciência. Ou ainda, como dizia Heráclito, um pensador pré-socrático do século V a.C., “o Deus soberano, cujo oráculo está em Delfos, nem revela, nem oculta coisa alguma, mas manifesta-se por sinais”(1). Apolo, que era o guardião do templo, não esconde nenhuma verdade, apenas faz com que o consulente compreenda sua própria vontade.

apolo e dionisio 2

Apolo (foto acima à esquerda) era o deus-sol ou o deus da consciência, considerado o grande harmonizador dos contrários e, se suas origens revelam ligações ctônicas, sua história nos demonstra que o deus também conquistou o epíteto de O Brilhante, o Sol. Regendo a luz e as sombras, ou o consciente e o inconsciente, Apolo é o realizador do equilíbrio e da harmonia dos desejos. Apolo não visava suprimir as pulsões humanas, mas sim orientar os discípulos e seus desejos para uma espiritualização progressiva, para o desenvolvimento da autoconsciência. (2)

Mas é preciso registrar também a presença de Dionísio no Oráculo de Delfos. Por ocasião de umas férias de Apolo, Dionísio tomou conta do oráculo e imprimiu à consulta o êxtase e o entusiasmo – seus maiores atributos – inclusive esse último, que quer dizer ter Deus em mim.

Dionísio, ou Baco (foto acima à direita), é o herói do signo de Peixes, cujo regente é Netuno. Por isso é que fazer uma consulta ao oráculo é uma experiência que açambarca tanto a consciência, Sol, como a sensibilidade mediúnica, regida por Netuno.

Quando alguém procura um profissional para fazer uma consulta, está em busca da harmonia e mesmo que não saiba, disposto a se entregar, a se deparar com não sabe bem o quê, disposto a abrir sua alma, expor seus interiores, ou melhor, escarafunchar o seu inconsciente, se autoconhecer. Cabe ao astrólogo captar e traduzir o céu do momento do nascimento do consulente de modo a favorecer ao máximo a sua busca pela dita harmonia, através do autoconhecimento.

Ciça Bueno, fevereiro 2015

 (1), (2) – ambas citações estão no livro “Mitologia Grega, vols 1,2 e 3, Junito de Souza Brandão, RJ, 1991  , editora Vozes.

 

Sobre Meio Ambiente

Leia abaixo esse texto sobre o meio ambiente que está circulando na Internet, sem indicação de autoria. Muito interessante!

lixo eletronico 2

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:
– A senhora deveria trazer as suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigos do meio ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse: – Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu: – Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. A sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

– Você está certo – respondeu a velha senhora – a nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso e, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

E continuou: – Realmente não nos preocupávamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas sem reclamar, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até ao comércio, ao invés de usar o nosso carro de 2000 cavalos de potência a cada vez que precisávamos ir a dois quarteirões.

– E mais, você está certo: nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas dos bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis, as roupas secas eram obtidas por energia solar e eólica e não por essas máquinas bamboleantes de 220 volts, os meninos pequenos herdavam as roupas que tinham sido dos seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

lixo_nos rios

E a velhinha não parou por aí: – Mas é verdade, não havia preocupação com o ambiente naqueles dias. Nós tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço e não de um telão do tamanho de um estádio, que depois será descartado como?

– Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo e não plástico bolha ou pellets de plástico que demoram cinco séculos para degradar.

– Naqueles tempos não se usava motor a gasolina para cortar a relva, mas sim um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário e não era preciso ir a uma academia, nem usar esteiras que só funcionam à eletricidade.

– Mas você tem razão, prosseguia ela: naquela época não havia preocupação com o meio ambiente. Bebíamos água diretamente da fonte, quando tínhamos sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.

– As canetas eram recarregadas com tinta tantas vezes fosse preciso, ao invés de comprar outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos ‘descartáveis’ e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

– Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas apanhavam o ônibus e os meninos iam de bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 . horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos elétricos. E nem precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço só para encontrar a pizzaria mais próxima.

lixo eletronico

E a senhora concluiu: – Então, não é risível que a atual geração fale tanto em “meio ambiente” e não queira abrir mão de nenhum conforto nem queira viver como se vivia na minha época?

– Então temos todos que pensar muito sobre o meio ambiente, disse ela. E lá se foi com suas sacolas plásticas lotadas com suas compras…

PS: acrescento, sem saudosismo, que muitas destas e outras atividades eram geradoras de empregos que hoje foram extintos.