No princípio da civilização, o homem era nômade e costumava olhar para o céu em busca de uma orientação, de uma referência. Aos poucos, passou a perceber que entre o céu e a terra havia uma relação, uma correspondência, uma interdependência. Por exemplo: sempre que ele chegava a um local onde a natureza era muito abundante, Júpiter era o planeta em evidência no céu; ou ainda, quando enfrentava fortes obstáculos ou passava períodos de desafio, era Saturno que estava em evidência; ou ainda, quando era atacado por uma tribo vizinha, era Marte que se encontrava em destaque no céu.
Sendo assim, o homem passou a atribuir significados aos planetas, assim como ao Sol e à Lua e a observar essa sincronia que havia entre o céu e a terra. Portanto, a sincronicidade é a percepção que temos de que dois eventos ocorrem ao mesmo tempo. Outro exemplo: imagine que você começa a se interessar por determinado assunto e que ganha um livro sobre isso. Isso é uma sincronicidade. Ou seja, quando sentimos algo, emanamos uma energia que atrai o que buscamos para nós: outro efeito da lei de sincronicidade. É o que vulgarmente chamamos de coincidência.
Esse conceito – sincronicidade – foi desenvolvido no século passado por Carl Gustav Jung, médico psiquiatra e analista, para explicar acontecimentos que se afinam não por relação de causa e efeito, mas por relação de significado. A partir do significado, consideramos os eventos sincronizados por um significado igual ou semelhante e não pelo princípio da causalidade. A sincronicidade é também referida por Jung como “coincidência significativa”.
O termo foi utilizado pela primeira vez em publicações científicas em 1929. Porém, Jung demorou ainda mais 21 anos para concluir sua obra Sincronicidade: um princípio de conexões acausais, onde expõe o princípio e propõe o início da discussão sobre o assunto. De lá pra cá, o fenômeno passou a ter consideração científica, justamente por causa de suas fundamentações. Uma de suas últimas obras, Sincronicidade foi, segundo o próprio Jung, a de elaboração mais demorada devido à complexidade do tema e a impossibilidade de reprodução dos eventos em ambiente controlado.
Em termos mais diretos, sincronicidade é a experiência de vivenciar dois (ou mais) eventos que coincidem de maneira significativa para a pessoa (ou pessoas) que experimenta essa “coincidência significativa”, onde o significado de ambos os eventos sugere um padrão subjacente, uma sincronia.
A sincronicidade difere da coincidência, pois não implica somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas na existência desse padrão subjacente, expresso através de eventos ou de relações significativos. Foi a partir desse princípio, que Jung percebeu e fundamentou seus conceitos de Arquétipo e Inconsciente Coletivo e se uniu ao físico Wolfgang Pauli, dando início às pesquisas interdisciplinares em Física e Psicologia.
É interessante ressaltar que a sincronicidade se manifesta muitas vezes atemporalmente e/ou em eventos energéticos acausais e, em ambos os casos, são violados princípios associados ao paradigma científico vigente. Inclusive, podemos considerar o insight como um fenômeno sincronístico, assim como muitas descobertas científicas que, de acordo com dados históricos, ocorreram quase simultaneamente em diferentes lugares do mundo, sem que os cientistas tivessem qualquer contato. Há outros exemplos disso como o fenômeno da moda ou da arte, em que as mesmas tendências aparecem em diferentes locais do mundo ao mesmo tempo.
A sincronicidade é reveladora e não necessita de uma compreensão, surgindo espontaneamente, sem que seja necessário nenhum raciocínio lógico. A esse tipo de compreensão instantânea Jung dava o nome de “insight”.
editado por Ciça Bueno a partir do www.wikipédia.com.br, com acréscimos da autora.Clique aqui e conheça o perfil vocacional completo de Carl Gustav Jung